FRASE DA SEMANA

"Inútil, inútil, a forte chuva mergulha no mar" Jack Kerouac

TIRINHA DA SEMANA

TIRINHA DA SEMANA
Níquel Náusea, por Fernando Gonsales

segunda-feira, 19 de julho de 2010

CINEMA: crítica de À prova de morte

  • "Garotas, vou ter de dizer, isso...foi...muito...divertido!"

A metade que coube a Tarantino do projeto Grindhouse, finalmente, chega aos cinemas brasileiros, após três anos do seu lançamento internacional e com 20 minutos a mais de sua versão original.

Com este À prova de morte, Tarantino mostra mais uma vez que ele é um bom exemplo do diretor ame-ou-odeie; inúmeras pessoas aplaudirão este filme, outras mais torcerão o nariz para a podreira trash apresentada. Pois, num mercado cinematográfico onde pagamos para ver um belo vampiro que brilha à luz do sol, onde nos divertimos com um bicho verde sem graça, onde nos satisfazemos com a beleza plástica do mundo das maravilhas, À prova de morte torna-se algo quase intragável devido às suas (propositais) falhas e ruídos na película, rolos do filme faltando, fotografia preto e branco, trilha sonora do fundo do báu e tudo o mais.

Mas a intenção era esta, homenagear e convencer de que estamos realmente vendo um filme vindo das antigas sessões Grindhouse dos anos 70, onde dois filmes-B eram exbidos na mesma sessão pelo preço de um. Tarantino ousou e conseguiu mais uma vez, homenageou o passado sem perder as suas características e maneirismos - os longos diálogos cheios de falas cortantes e palavreado chulo, a violência gráfica exagerada e cômica, o humor negro, closes de pés femininos descalços, personagens ícones, música de Ennio Morricone na trilha sonora e incontáveis motherfuckers/cocksuckers.

A trama: Dublê Mike, vivido por Kurt Russel, é um psicopata que usa seu carro à prova de morte para matar jovens beldades indefesas nas perigosas estradas do Texas, até que ele se defronta com um grupo de garotas dublês que irão dar o troco usando outra máquina mortífera, um Dodge Challenger. Além de Russel, o elenco é completo por uma fantástica equipe de pussycats, todas cheias de curvas exploradas ao máximo pela camêra safada de Tarantino...vide a dança erótica praticada por Butterfly no colo de Dublê Mike.
Não é dos roteiros mais inteligentes, na verdade, creio que seja um dos mais fracos criados pelo roteirista e diretor, longe de se comparar com a sagacidade de Pilp Fiction, ou com a perfeita mistura pop de Kill Bill, ou brincar com a cronologia - acreditem, o filme é temporalmente linear do ínicio ao fim - ainda assim À prova... é otimamente executado, diverte pacas e ri de si mesmo.
MUITO BOM

domingo, 18 de julho de 2010

ENTRE PARÊNTESE

  • Jornal O Fato
Vou abrir aqui no Cult&Pop um espaço para publicar o resultado de um trabalho muito custoso, o jornal experimental dos alunos do primeiro período do curso de jornalismo - UFAM, O Fato. Como editor deste jornal, deixei de lado o blog por uma semana, coordenei e participei de uma competente e esforçada equipe formada por: Gabriel Souza, Marcos Dantas, Rayssa Nayara, Mayane Holanda, Hiara Layolee, Mariana Rosa, Sérgio Victor, Hecto Muniz, Rafaela Cabral e eu. Aos interessados no material, clicar nas imagens para ampliá-las. Obrigado equipe de O Fato, sem vocês este projeto não seria possível.













sexta-feira, 16 de julho de 2010

CINEMA: estréias da semana

  • À prova de morte

Sinopse: Um homem louco, atrás do volante de um carro indestrutível, persegue lindas gaarotas que só querem se divertir em Texas. Uma verdadeira homenagem aos filmes dos anos 70, carrões, mulheres, drogas, sexo e violência. EM BREVE UMA CRÍTICA DO FILME AQUI NO CULT&POP.

Elenco: Kurt Russel, Rosario Dawson e muitas outras pussycats.

Direção: QUENTIN TARANTINO! Um bom motivo pra você ir assisti-lo nos cinemas.



CINEMA: estréias da semana

  • Encontro explosivo

Sinopse: Mulher solteira conhece um agente secreto que a leva numa viagem para proteger uma importante fonte de energia ilimitada. Quer apostar que ao final do filme, ao melhor estilo Sr. e Sra. Smith, os personagens de Diaz e Cruise ficam juntos? NÃO veremos em breve uma crítica do filme aqui no Cult&Pop.

Elenco:Cameron Diaz e Tom Cruise.

Direção: James Mangold



CINEMA: estréias da semana

  • Shrek para sempre

Sinopse: Saudoso de sua vida selvagem no pântano quando se sentia um ogro de verdade, não um pai de família domesticado, Shrek assina um contrato com um duende de nome estranho e subitamente se vê numa realidade alternativa de sua vida. Agora ele terá de correr para dar o beijo do amor verdadeiro (oh! originalidade zero) para quebrar o contrato e ter sua vida pacata de volta. EM BREVE UMA CRÍTICA DO FILME AQUI NO CULT&POP.

Elenco (dubladores): Mike Myer, Cameron Diaz, Eddie Murphy e Antonio Banderas

Direção: Mike Mitchell


ARTE EM DESTAQUE

  • Poema: O triste fim do palhaço Alegria, por Tiago Melo

No bairro Solidão, na casa de número 91, situada na rua Sem Companhia

Morava sozinho, um triste palhaço, chamado palhaço Alegria

Anos atrás, Alegria tinha uma linda filhinha, a quem muito amava

Porém, o circo em que trabalhavam pegou fogo

Levando sua filha ao túmulo, carbonizada

Para piorar sua situação, ele passara a repudiar sua profissão

Queria esquecer o passado, o circo e tudo que antes fora bonito

Esquecer não conseguiria. Na verdade, não poderia

Palhaço fora durante toda a vida e palhaço continuaria a ser

Pois, o circo ele havia largado, mas todas as tardes ele vestia seu espalhafatoso uniforme

Pintava-se, treinava suas piadas defronte ao espelho, tudo dentre os conformes

Os transportes públicos passaram a ser seu local de trabalho

Além de piadas, levava consigo bolinhas, argolas e cartas de baralho

Pensava em largar o riso fácil e virar malabarista de trânsito ou, talvez, mágico

Tudo pela satisfação profissional e pela do público, um povinho antipático

Contudo, foi ao descer do ônibus e dobrar na esquina da Amargura que ele encontrou sua vocação

Alegria entrou num bar, tomou todas que seu dinheiro mixuruca podia comprar

E virou Alegria, o triste palhaço beberrão

Para afogar as mágoas, as dores, as infelicidades e para sair da solidão

Dois meses depois Alegria morreu, de tanto beber teve complicações no fígado,

no trabalho e na vida

Alegria morreu só.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

QUADRINHOS: crítica de Umbigo sem fundo

  • O épico dramático da família Loony

Com um nome estranho, metafórico talvez, uma arte não tão atrativa, proporções épicas para um quadrinho independente e um preço pesado para os bolsos dos leitores brasileiros, algo em torno de R$ 60, Umbigo sem fundo assusta a primeira vista. Mas não se engane, não fuja dele, na verdade ele vale muito a pena ser lido. Considerado como um dos novos expoentes dos quadrinhistas independentes americanos, Dash Shaw, o autor da obra, apresenta-nos uma história profunda, fluida e madura, algo surpreendente para um rapaz de 23 anos que até então nunca tinha tido uma obra publicada.

A trama conta a história do casal Loony, que após quarenta anos de casados decidem se separar pois não se amam mais, então os filhos reúnem-se com os pais para entender os motivos da separação. Então temos os três filhos: Dennis, o mais velho, o que não entende e não aceita a separação dos pais, passa boa parte da história procurando explicações no passado dos pais em velhos baús - ele parece desvendar o mistério ao ler uma carta codificada, cabe ao leitor decifrá-la ou não; a filha do meio, Claire, mãe solteira que entende muito bem toda a situação, mas não consegue lidar com o amadurecimento da filha; o caçula, Peter, desenhado como um sapo, para retratar sua distância e solidão em relação ao resto da família.

A arte de Umbigo sem fundo é simples, fluida, são 600 páginas que passam despercebidamente; o autor com ares de modernista brinca com o tamanho dos quadrinhos, sua disposição e o número deles na página e não poupa o leitor das cenas explícitas de felação.

Sempre inovador e original, Umbigo sem fundo tornou-se uma importante graphic novel da atualidade e já está sob os olhares gulosos da indústria cinematográfica, sendo um dos projetos de interesse do ator/diretor Ben Stiller para uma futura adaptação.

Agora, após lê-lo, posso dizer que o nome continua estranho - risos - o tamanho da obra assusta mas a história é ligeira e a leitura também, o preço vale cada real que se paga e é um drama dos bons que dá vazão à comédia, ao suspense, ao romance, tudo orquestrado de forma natural e satisfatória. Um novo clássico dos quadrinhos.

EXCELENTE

sábado, 10 de julho de 2010

ARTE EM DESTAQUE

  • Poema: Ganância e Desgosto, por Tiago Paiva

Um dia uma casinha, de simples tijolinhos vermelhos em sua fachada, me falou

Eu bem sei que casas não falam, mas essa aí falou:

Ó menino, um dia eu vou crescer.

Ó menino, um dia eu vou ser...

O que você vai ser? O que você vai ser quando crescer?

Era um desses arranhas-céu comuns, de superfície espelhada e refletiva.

E ele gritou, mas eles não gritam, você afirma, mas essa aí gritou, eu digo.

Ah rapaz! Se eu pudesse voltar a ser...

Se um dia eu pudesse rever...

A rua, os carros, as pessoas... principalmente aquele menino.

O único que me escutou.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

CINEMA: crítica de Eclipse - A saga Crepúsculo

  • As fãs que me perdoem mas...

A Saga Crepúsculo: Eclipse é risível, sem ser um filme de comédia, o riso do ridículo vem fácil com tantos elementos e personagens cômicos. Parece-me que nenhum dos personagens funcionam na tela: Bella, com cara de nojo, loucamente apaixonada por Edward, insiste em se transformar em vampira, apesar dos demais personagens listarem os males da transformação; Edward, com cara de dor, o homem do século passado, o maior romântico desde Don Juan, o vampiro que brilha no sol - Bram Stoker e seu Drácula tremem dentro do túmulo; Jacob, um menino fazendo papel de bobo/lobo, sempre sem camisa a mostrar seu corpo escultural; e a lista não termina, mas basta por aqui, contudo, talvez o único personagem que se assemelha a alguém real é Charlie, pai de Bella, com seu conflito de pai-solteiro-cuidando-sozinho-da-filha-adolescente, ele convence.

Na trama Bella continua seu dilema, escolher entre o vampiro e o lobisomem, enquanto isso, Victoria, a vampira viúva do primeiro filme, volta a Forks para se vingar de Bella, para isso ela reúne um exército de vampiros. Ao final do filme temos uma batalha insosa dos Cullens e lobisomens contra o exército do mal de Victória. Não temos, contudo, apesar dos inúmeros desmembramentos, uma única gota de sangue...os vampiros são de gesso, é ver para crer. Mas o propósito do filme não era a ação, mas sim o romance. Nesse ponto Eclipse não difere em nada dos filmes românticos melosos que circulam pelo mercado cinematográfico.

Um ponto positivo do filme é sua trilha sonora, com o melhor das bandas indie norte americanas e inglesas, tem desde Vampire Weekend, o manjado Muse, e (surpresa) The Dead Weather! Com tanta música boa as cenas mais mixurucas recebem o devido up necessário. Ponto positivo pela série ter aprendido a rir de si mesmo, não se levar a sério demais, isso fica bem claro quando Edward olha para Jacob e pergunta a Bela: Por que ele nunca veste uma camisa?

Ponto negativo (mais um?) : os flashbacks, são enjoativos, o diretor parece ter descoberto o recurso há pouco, usando e abusando dele para recontar as histórias do passado dos lobos e vampiros. É inexplicável, outro ponto negativo, o fato de todos personagens desejarem a protagonista - Volturis, Cullens, Lobisomens, Victória, o finado James- e assim ela ser motivo de briga, motivo de união, de guerra e paz. Santa Bella, se ela não virasse uma vampira, ela seria canonizada.

Porém, como se não bastasse, a série ainda não terminou, indo na cola de Harry Potter o último livro se dividirá em dois. Edward pede Bella em casamento em Eclipse, se depender do vampiro purpurina Bella será mordida e tirará a roupa somente no próximo filme e na última parte - Bella já em sofregante êxtase carnal - veremos, finalmente, a consumação do ato... ou não.

RUIM

sábado, 3 de julho de 2010

LITERATURA: crítica de Memorial do Convento

  • A rígida crítica de Saramago a Lisboa do séc.XVIII

Devia pensar antes de fazer certas suposições, pois, um dia antes da morte de Saramago, ao pegar Memorial do Convento da estante para lê-lo, pensei comigo mesmo, Nossa, o Saramago já está em idade tão avançada, talvez ele venha a falecer e eu não concretize meu desejo de conhecê-lo, enfim, deu no que deu, as notícias do dia seguinte não estampavam outra coisa, em suma, Morre o escritor português José Saramago aos 87 anos, como diriam, Você e essa sua bendita língua, bem sei que a minha inocente conjetura em nada afetou na saúde do escritor, mas, enfim, vamos desenrolando esse carretel porque eu não estou aqui pra dizer o que acontece na minha vida ou o que deixa de acontecer, caso fosse, estaria escrevendo no Twitter. A propósito, Saramago em entrevista ao O Globo falou sobre esse fenômeno que é o Twitter, Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos, a tendência para o monossílabo como forma de comunicação, e completou sentenciando, De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido. Pois digo, então, Falemos ó povo, sáiamos desse inquieto silêncio preguiçoso em que entramos. Sim, como havia dito, desenrolemos esse carretel e deixem-me ir ao que me proponho, traçar uma crítica imparcial e honesta de um dos maiores sucessos do mestre da literatura portuguesa atual, bom, acho que não estou sendo tão imparcial assim. O romance de traços históricos misturados à pura fantasia possui vários arcos narrativos, temos as seguintes histórias, o padre Bartolomeu Lourenço e seu desejo acadêmico e pagão de construir uma passarola para subir aos céus, onde somente a Santíssima Trindade deveria estar, o casal deslocado de seu tempo, formado pelo soldado maneta Baltazar, de alcunha Sete-Sóis, e pela extra sensorial Blimunda, por complemento Sete-Luas, o caso real de infertilidade da rainha D. Maria Ana Josefa e a promessa de seu rei D. João, quinto do nome na tabela real, aos franciscanos de se construir um convento em Mafra caso venha a nascer o herdeiro real no tempo de um ano. Apesar do nome, Memorial do Convento, muitos especialistas literários perdem seu tempo discutindo se realmente a obra é um memorial, deixo este trabalho irrelevante àqueles que a ele o cabem, porém, é do consentimento de todos os leitores do livro, que a obra é acima de tudo uma severa crítica a Lisboa do século XVIII, ao clero e à corte, ambos pomposos e negligentes com o povo, e também à desumanidade da guerra, onde um soldado perde uma mão e volta para casa maneta e desolado. Destaque do livro para o capítulo em que o autor descreve a locomoção de uma enorme pedra de um vilarejo ao outro, tarefa onde foram empregadas cem pessoas e quatrocentos bois, narrado de tal forma realística que o próprio leitor sente-se fatigado ao ler tal monumental serviço. Fica claro ao decorrer da obra de que lado o autor se encontra, do lado dos fracos e oprimidos, referindo-se a eles de forma respeitosa e séria, contrário ao tratamento dado aos personagens clericais, excetuando o rebelde Pe. Bartolomeu Lourenço, e da realeza, sendo motivos de ironia e constante crítica. Talvez o pontinho fraco deste romance, na opinião do mero leitor que vos fala, seja o fato do autor se prender a fatos históricos, se compararmos Memorial com Ensaio sobre a cegueira ou com Intermitências da morte, veremos mais desenvolvidamente uma das maiores qualidades de José Saramago, criar situações imaginárias totalmente possíveis quando tratadas de forma realista.

"Era uma vez um rei
que fez uma promessa de levantar
um convento em Mafra
Era uma vez a gente
que construi esse convento
Era uma vez um soldado maneta
e uma mulher que tinha poderes
Era uma vez um padre
que queria voar e morreu doido
Era uma vez "



MUITO BOM