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TIRINHA DA SEMANA

TIRINHA DA SEMANA
Níquel Náusea, por Fernando Gonsales

sexta-feira, 16 de julho de 2010

ARTE EM DESTAQUE

  • Poema: O triste fim do palhaço Alegria, por Tiago Melo

No bairro Solidão, na casa de número 91, situada na rua Sem Companhia

Morava sozinho, um triste palhaço, chamado palhaço Alegria

Anos atrás, Alegria tinha uma linda filhinha, a quem muito amava

Porém, o circo em que trabalhavam pegou fogo

Levando sua filha ao túmulo, carbonizada

Para piorar sua situação, ele passara a repudiar sua profissão

Queria esquecer o passado, o circo e tudo que antes fora bonito

Esquecer não conseguiria. Na verdade, não poderia

Palhaço fora durante toda a vida e palhaço continuaria a ser

Pois, o circo ele havia largado, mas todas as tardes ele vestia seu espalhafatoso uniforme

Pintava-se, treinava suas piadas defronte ao espelho, tudo dentre os conformes

Os transportes públicos passaram a ser seu local de trabalho

Além de piadas, levava consigo bolinhas, argolas e cartas de baralho

Pensava em largar o riso fácil e virar malabarista de trânsito ou, talvez, mágico

Tudo pela satisfação profissional e pela do público, um povinho antipático

Contudo, foi ao descer do ônibus e dobrar na esquina da Amargura que ele encontrou sua vocação

Alegria entrou num bar, tomou todas que seu dinheiro mixuruca podia comprar

E virou Alegria, o triste palhaço beberrão

Para afogar as mágoas, as dores, as infelicidades e para sair da solidão

Dois meses depois Alegria morreu, de tanto beber teve complicações no fígado,

no trabalho e na vida

Alegria morreu só.

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